sexta-feira, 8 de outubro de 2010


Aceitação é o reconhecimento, a constatação de uma situação. Aceitação tem a conexão direta com nosso poder pessoal, que significa ter nas mãos as rédeas da própria vida. É saber para onde você quer ir. É ter autoestima elevada. É estar harmonizado e em equilíbrio. É sair do papel de vítima. É reconhecer e aceitar as coisas como elas são. E decidir e agir em cima disto.

A frase “é aceitar as coisas como elas são” traz invariavelmente bastante mal estar entre as pessoas, pois a aceitação geralmente é confundida com passividade, conformismo, paralisia, permissividade. Na realidade aceitação não tem nada a ver com isso. Logo após o “aceitar as coisas como elas são” vem o ”decidir e agir em cima disto”.

Aceitação é diferente do julgamento, que nos diz se alguma situação, coisa ou pessoa é boa ou má. Aceitação é uma simples constatação, que leva ao próximo passo, que é decisivo: ele pode nos levar à ação ou à paralisia. Quando mesclamos a constatação com o julgamento, tendemos a dizer “que pena, isto é tão ruim”, ou “nada pode ser feito” ou ainda “porque Deus fez isto comigo?” vamos para o conformismo, a paralisia, com um sentimento negativo de impotência, de que nada pode ser feito, de que somos vítimas. Agir em cima do que é constatado é a grande diferença entre a passividade e a aceitação.

Vejamos o seguinte exemplo: eu saio para um passeio de veleiro, pois o dia está lindo. Eu fui descuidado e saí sem avisar ninguém e sem verificar as condições do tempo nas próximas horas. E no meio do mar, em pouco tempo as ondas se tornam gigantescas, o vento fica furioso. Estou com um problema. A situação exige ações. Nessas circunstâncias não adianta nada ficar se culpando pela negligência, nem ficar vociferando contra o mau tempo. A aceitação implica em tomar decisões que resolvam esta situação perigosa, ou que pelo menos minimizem as suas consequências. O que pode ser feito? Tomar as decisões e agir não é uma garantia de que sairemos dessa situação, mas é o caminho de uma possível solução.

Outro exemplo, eu tenho um chefe autoritário, que grita com as pessoas, que não cumprimenta, que só reclama. A aceitação dessa situação significa reconhecer essa realidade. O próximo passo? Posso optar pelo conformismo, e dizer “coitadinho de mim, que chefe terrível eu tenho”. Além do mais, preciso desse salário, pois tenho muitos compromissos financeiros, e no fundo não acredito na minha capacidade de encontrar outro emprego. Vem à minha cabeça que mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Optei pela paralisia e torno-me vítima da situação. Em longo prazo talvez eu até fique doente em função das contínuas humilhações. Mas é minha escolha!

Se eu optar por outras ações, o que posso fazer? Talvez ter uma conversa com o chefe falando de minha insatisfação, talvez procurar a área de RH da organização e pedir uma transferência, ou ainda começar a procurar outro emprego. Cada uma dessas alternativas tem seu custo e suas consequências. Mas elas geram poder pessoal.

Quando praticamos o “aceitar + agir”, temos nosso poder pessoal aumentado, mais energia, mais criatividade, mais alegria. Não ficamos brigando como “o que gostaríamos que fosse” e nos “concentramos no que é”. E aí podemos decidir quais ações queremos ou não tomar. E aí assumimos as rédeas de nossa vida.

Há muito tempo aprendi que na vida podemos ser escultor ou escultura. A escolha é sempre nossa.

Autor: Gustavo G. Boog é fundador e diretor do Sistema Boog de Consultoria

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